terça-feira, 23 de outubro de 2012

Alcoolismo por outras vias...

É até estranho dizer, mas alguém já imaginou beber algum tipo de bebida alcoólica por outra via?
Via anal, via vaginal, via ocular, via nasal, via intravenosa....
Surpreso? 
Esta prática esta se tornando muito comum em jovens em todo mundo mas ainda não chegou com toda força no Brasil...



com o título: SETE FORMAS INSANAS DE FICAR BÊBADO SEM BEBER, mostra um pouco da realidade dos adolescentes e jovens americanos que estão inventando a cada dia uma forma diferente de ficar bêbado sem beber. 

No começo do blog, o autor descreve: " Algumas pessoas gostam de desfrutar a sensação de estar embriagado, mas odeiam ter que beber toda aquela bebida....Talvez, porque não queiram ganhar calorias....Talvez, outras, não gostam do sabor....e outras estão com tanta pressa do processo metabólico do organismo que decidem por si só acelerar...."   


Quando você bebe álcool, aproximadamente 10 a 15 % é absorvido no seu estômago, e o restante é absorvido no intestino delgado. Mas estes não são os únicos lugares do corpo que podem absorver álcool. Basicamente você pode direciona-lo em qualquer membrana mucosa onde os capilares estão perto da superfície. Desta forma você "dribla" o sistema digestivo, é como pegar um atalho para sua corrente sanguínea. Você fica alcoolizado rapidamente, com menos álcool.

Então, porque é tão perigoso? Driblar o seu sistema digestivo pode ser mortal. O corpo tem um excelente mecanismo para prevenir a ingestão de muito álcool. O Fígado filtra as piores toxinas e todo o sistema entra em "pane" e faz você vomitar antes que seja tarde demais. Se você colocar álcool diretamente na corrente sanguínea, não há como vomita-lo. Como resultado, o corpo é extremamente suscetível ao envenenamento do sangue por álcool. As consequências vão de no mínimo uma ida ao hospital, podendo chegar até a morte.

No próximo post, falaremos sobre: 7. Aspiração e 6. Inalação de alcool.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Mandioca-Brava

      A mandioca-brava é originária da América do Sul, particularmente do Brasil, onde é amplamente cultivada. No nordeste brasileiro, são conhecidas mais de 150 variedades de mandioca.
     Contem um  glicosídeo cianogenético chamado manihotoxina (figura1), uma substância tóxica que está presente em todas as partes da planta, principalmente nas folhas e na raiz, e sendo mais concentrado no látex. A manihotoxina, por hidrólise enzimática ou ácida, libera o ácido cianídrico que é o responsável pela intoxicação.



     A ingestão por mandioca-brava causa um quadro clínico semelhante ao da intoxicação pelo ácido cianídrico, mas não com as características superagudas, pois a quantidade desse ácido liberado, em geral, é muito pequena, quando cozinhamos ou fritamos. Apresenta os seguintes sintomas:

  • Irritação da boca, faringe e das vias aéreas superiores acompanhada de salivação intensa;
  • Náusea, vômito, cólica abdominal;
  • Alterações respiratórias;
  • Manifestações neurológicas, destacando-se tontura, incoordenação das idéias, perturbação visual, midríase, sonolência;
  • Convulsões com contração dos maxilares (trismo) e repuxos tetaniformes forçando o pescoço e dorso para trás (em opistótono).



      De acordo com a revista Pharmacopoeial and Related Drugs of Biological Origin: "The poisonous properties of the roots of Manihot utilissima (cassava) have long been known to primitive tribes; they use it as an important foodstuff, having first found methods to remove its poison." As propriedades do veneno das raízes da Manihot utilissima já eram conhecidas por tribos primitivas; eles a usam como uma alimento importante, uma vez que já sabiam de métodos para remover o veneno. No caso da mandioca brava, a remoção se dá na torragem da raiz onde se libera o acido cianídrico. 

Fontes:

Cyanogenetic glycosides, glucosinolate compounds and miscellaneous glycosides. Fonte: http://v5.books.elsevier.com/bookscat/samples/9780702026171/9780702026171.pdf

Mandioca Brava.  http://www.fitoterapia.com.br/portal/index2.php? option=com_content&do_pdf=1&id=62

terça-feira, 18 de setembro de 2012

AR-CONDICIONADO E BENZENO = PERIGO CONSTANTE ???



Uma mensagem que vem circulando os e-mails desde 2009, alerta a sociedade sobre o risco de se contrair câncer em consequência do uso do ar-condicionado dos carros, já que o benzeno seria liberado pelo mesmo. Será mesmo que tudo isso é verdade?



É fato que o benzeno é uma substância tóxica e os seus vapores são capazes de produzir irritação nos olhos, garganta e nariz. O que já desmenti a mensagem, onde há três pontos que devem ser ressaltados:

·      Em primeiro lugar, o benzeno está presente na fabricação de plásticos e colas, só que as tubulações do automóvel são feitas de metais.

·      Em segundo lugar, o texto nos coloca a relação da temperatura interna do carro com o ambiente (acima de 16ºC, o nível de benzeno sobe 40 vezes a mais que o aceitável), ou seja, em países tropicais como o Brasil, que até na sombra é quente, muito superior a 16º, é um absurdo! Assim como qualquer outro lugar que só de conter movéis com forro de plástico (e sem ar-condicionado!) liberaria benzeno. Ou seja, intoxicaríamos em qualquer lugar! Em todos os ambientes que têm ar-condicionado e materias feitos de plástico: casas, escritórios, indústrias, lojas, e shopping, então, nem se fala. Outro ponto, se levássemos tal idéia a sério, o que seria da humanidade nos dias ensolarados do verão? Que besteira!!

·      Em terceiro lugar, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), não há níveis toleráveis para substâncias carcinogênicas, pois a exposição constante poderia produzir doenças como o câncer. A ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) diz que a via respiratória é a mais comum para a exposição destes compostos, principalmente em áreas de proximidade a postos de gasolina, onde o benzeno está presente em combustíveis derivados do petróleo, que pela regulamentação brasileira, é permitido conter de 1% a 1,5% na gasolina de automóveis2. Sem falar em lugares em que haja alta concentração de fumaça de cigarro.


Portanto, o benzeno é uma substância carcinogênica sim, caso tenha uma exposição continua com ou sem conhecimento acarretando em uma intoxção crônica3, caracterizada  pelo aumento das células brancas do sangue (leucemia), e não a redução destas como o texto diz. Outro ponto importante é que a degradação do plástico e a transformação de suas emanações em benzeno não estão comprovadas. 

E como fica a situação do ar-condicionado no meio dessa história? Bom, ele não tem nada a ver com o benzeno nem com o câncer. É sempre bom deixar entrar um pouco de ar do exterior para refrescar o carro, desde que isso não comprometa a segurança dos seus ocupantes. Lembrando também que em locais de trânsito intenso e em lugares com muita fumaça de cigarro, a concentração de benzeno é muito maior do que no interior do carro, com ou sem ar-condicionado.

     Ah, sabe outra coisa bem interessante neste caso: não há ninguém intoxicado!!!


Segue abaixo a mensagem original:
date Thu, Sep 29, 2011 at 9:35 PM
subject Benzeno ?

IMPORTANTE. ADOTE OS PROCEDIMENTOS RECOMENDADOS.
Um carro estacionado na sombra durante um dia com as janelas fechadas pode conter de 400-800 mg. de Benzeno. Se está no sol a uma temperatura superior a 16º C., o nível de Benzeno subirá a 2000-4000 mg, 40 vezes mais o nível aceitável...
A pessoa que entra no carro mantendo as janelas fechadas inevitavelmente aspirará em rápida sucessão, excessivas quantidades desta toxina.
O Benzeno é uma toxina que afeta os rins e o fígado. E o que é pior, é extremamente difícil para o organismo expulsar esta substância tóxica.

Ar condicionado ou ar simples dos Automóveis O manual do condutor indica que antes de ligar o ar condicionado, deve-se primeiramenteabrir as janelas e deixá-las assim por um tempo de dois minutos, porém não especifica "o porquê", só deixa entender que é para seu "melhor funcionamento".
Aquí vem a razão médica:
De acordo com um estudo realizado, o ar refrescante antes de sair frio, manda todo o ar do plástico quente o qual libera Benzeno, que causa câncer (leva-se um tempo para dar-se conta do odor do plástico quente no carro).
Por isto, a importância de manter os vidros abertos uns minutos. "Por favor não ligue o ar condicionado ou simplemente o ar, imediatamente ao entrar no carro.
Primeiramente deve-se abrir as janelas e depois de um momento, ligar o ar e manter as janelas abertas por alguns minutos.
Além de causar câncer, o Benzeno envenena os ossos, causa anemia e reduz as células brancas do sangue.
Assim amigos, por favor, antes de entrar no carro, abram as janelas e a porta para assim dar tempo a que o ar interior saia e disperse esta toxina mortal.
Não esqueçam de repassar, será muito importante.
Cuidado com a saúde!






2 INCA (INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER):   
http://www1.inca.gov.br/inca/Arquivos/seminariovigilancia/benzeno.pdf
3  SECRETARIA DO ESTADO DO DISTRITO FEDERAL:
http://www.saude.df.gov.br/003/00301009.asp?ttCD_CHAVE=28446




sexta-feira, 31 de agosto de 2012

4 Tox Women



Um dado curioso em relação aos envenenamentos é que frequentemente quem os praticava eram mulheres e os principais protagonistas da história também retratam isso, tornando algumas delas famosas:


Cleópatra já foi acusada de gananciosa, feiticeira e até mesmo de prostituta, mesmo só tendo se envolvido com dois homens a sua vida inteira. Com 18 anos de idade já era Rainha, governou durante 22 anos. Tempos antes de morrer, Cleópatra se dedicou a encontrar o modo mais indolor para sua morte, então ela fazia experimentos com venenos de cobras. A Rainha testava esses venenos, sendo o mais conhecido a estricnina, nos prisioneiros condenados à morte, porque já que iriam morrer, que pelo menos tivessem alguma utilidade. 

Deste modo, Cleópatra chegou à conclusão que a serpente Áspide carregava o veneno que ela precisava. Desde então a serpente ficou conhecida também como a Áspide de Cleópatra. Esta serpente é vista diversas vezes em coroas de faraós e rainhas egípcias por ser considerado um símbolo poder divino e de profundo significado religioso.

Lucrécia Bórgia foi uma dos filhos ilegítimos do Papa Alexandre VI, acusada de simonia (tráfico de coisas sagradas ou espirituais,) luxúria, incesto e outras perversões, ficou famosa pelos envenenamentos, fratricídios e uma insaciável sede de poder.
Toda a família Bórgia alimentaram as piores histórias sobre o papado da Renascença. Seu veneno chamado “La Cantarella” tem sua composição desconhecida até hoje. Provavelmente continha cobre, arsênico e fósforo bruto. Lucrecia Bórgia teria sido envenenada por um de seus filhos, em 1519.

Catarina de Médici famosa aristocrata francesa, nascida em Florença, em 1519 e mãe de três reis da França, influenciou a vida política desse país durante mais de trinta anos. Aplicou e estudou o efeito de vários venenos produzidos por ela em pessoas pobres e doentes. Na verdade, esse período da Idade Média se caracterizou, do ponto de vista toxicológico por um grande número de pessoas que, na Europa e principalmente a França, se valiam desses produtos.

Giulia Tofana foi uma envenenadora italiana profissional, muito bonita e inteligente. Ela era famosa por vender veneno para as mulheres que queriam matar seus maridos. Colhendo grandes lucros, ela foi a inventora do famoso veneno Acqua de Toffana. Os ingredientes da mistura eram pouco conhecidos, porém, sabe-se que continha arsênico e, possivelmente, chumbo e algum derivado da beladona. Era incolor e sem sabor, podendo ser facilmente misturada com água ou vinho para ser servida com refeições. Suas atividades foram reveladas para a autoridade papal por uma cliente, no entanto, ela era tão popular que os moradores locais a protegeu de apreensão. Ela escapou e fugiu para Roma já conhecida como bruxa. Ela foi condenada e executada em Roma, em 1659, juntamente com a filha e 3 aprendizes.



sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Vitamina C + Camarão = Veneno Fatal?


                E ai, galerinha?
         Voltou a circular pelos e-mails o caso “Camarão com Vitamina C” (mensagem original abaixo), no qual a ingestão conjunta destes crustáceos com a vitamina causa a morte por envenenamento de arsênico!
Pura Besteira!
Foolishness!
            Como não estamos aqui para julgar a imprecisão do texto, o desencontro e a falta de informações, e o tom alarmista como todas as “notícias” sobre estes tipos de interações, vamos avaliar do ponto de vista toxicológico clínico.
            Começando com a maior bobagem do texto, este tal de 5-potássio-arsênico que ninguém conhece! Nem mesmo os pesquisadores da Universidade de Chicago! Ao procurar por “5-potassium arsenic”, no site da Universidade1, não há nenhum estudo a respeito. Outro ponto, este tipo de nomenclatura é utilizada para compostos químicos orgânicos, que necessariamente devem conter carbono e hidrogênio em sua estrutura, portanto, se é que existe e possível somente ainda sob condições ideias, o produto da reação do potássio com o arsênico chamar-se-ia arseniato de potássio. Pior ainda, o alienado autor tenta convencer que este 5-potássio-arsênico é também conhecido como óxido arsênico, (As2O5), que ironicamente não contém potássio (K). Mais absurdo, o fantasmagórico 5-potássio-arsênico perde misteriosamente seu potássio e acaba se transformando no arsênico sob a forma de trióxido de arsênico, (As2O3)!
            Seguindo, o médico X do texto diz que "o arsênico foi produzido no estômago da vítima". Só que no diz respeito à morte, este arsênico deve ser absorvido para causar intoxicação, porque somente presente no estômago não ocorreria o falecimento. É preciso que este elemento químico tóxico esteja, portanto, na corrente circulatória do indivíduo.
            Supondo que realmente ocorreu uma absorção, o texto inicia apontando que esta mulher de Taiwan morreu de repente com sinais de hemorragia em seus ouvidos, nariz, boca e olhos. Intrigante afirmação porque segundo a Dilza Maria Bassi Mantovani, pesquisadora com mestrado da ITAL e palestrante da 2ª Conferência: “Contaminantes Inorgânicos na Cadeia Produtiva do Pescado” no evento “I Simpósio de Controle do Pescado: Qualidade e Sustentabilidade”, baseado em pesquisas científicas do Laboratório de Tecnologia do Pescado, afirma que:
A intoxicação crônica por arsênio pode causar vários problemas, incluindo: doenças de pele, como queratose e hiperqueratose; diferentes tipos de câncer, principalmente o de pele e de pulmão; além de disfunções nos sistemas circulatório e nervoso”.
            Porém, supondo uma morte instantânea, portanto, por um envenenamento agudo, a mesma pesquisadora diz:
“O envenenamento agudo é clinicamente caracterizado por náuseas, vômito, diarreia e dor abdominal severa, apesar deste tipo de envenenamento ser considerado raro”.
            E ainda,
“A absorção de arsênio por via digestiva, veiculado por água e alimentos, pode alcançar 90% do total ingerido, em se tratando de suas formas inorgânicas trivalentes e pentavalentes”.
          Então, logicamente, haveria uma enorme quantidade de arsênico no sangue desta vitima! E ai?

            Para terminar, o distinto autor termina com uma frase pedindo para que o hoax seja repassado ao maior número de pessoas possível: "Depois de ler isto, por favor, não seja egoísta. Encaminhe este texto a tantos quanto puder". Pior ainda, é assinada por uma dita médica Ana Lúcia da Silva Lages do Hospital São Luiz-SP, que quando procurado por seu nome no site², não existe também!
               Portanto,

5-POTÁSSIO-ARSÊNICO + ANA LÚCIA DA SILVA LAGES = BOBAGEM BANAL !!!

Moral da História: Olha só a importância da análise toxicológica. Com básicos conceitos da toxicologia, podemos invalidar esta notícia. Sendo assim, as análises toxicológicas desempenham um importante papel na nossa atualidade, pois pretendem estabelecer uma conexão causal entre um determinado evento e o efeito tóxico.

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Mensagem Original:
PARA CONHECIMENTO E DIVULGAÇÃO ***UTILIDADE PÚBLICA**
                Em Taiwan, uma mulher morreu de repente com sinais de hemorragia em seus ouvidos, nariz, boca e olhos. Depois de uma autópsia preliminar, foi diagnosticado como "causa mortis" envenenamento por arsênico. Mas qual foi a origem do arsênico?
                A polícia, então, iniciou uma profunda e extensa investigação. Um professor de medicina foi convidado para ajudar a resolver o caso. O professor cuidadosamente examinou os restos existentes no estômago da vítima, e, em menos de meia hora, o mistério foi elucidado. O professor disse: "O óbito não se deu por suicídio nem por assassinato, a vítima morreu acidentalmente por ignorância!”
                "O arsênico foi produzido no estômago da vítima". A vítima tomava Vitamina C todos os dias, que por si só não é nenhum problema. O problema é que ela comeu uma quantidade grande de camarão no jantar. Entretanto, na mesma ocasião, a vítima também tomou Vitamina C; é aí onde reside o problema. Pesquisadores da Universidade de Chicago, nos Estados Unidos, descobriram através de experiências, que alimentos, como camarão "casca mole" contem alta concentração de compostos de 5-potássio, arsênico.
                Tais alimentos frescos, por si só, não são tóxicos para o corpo humano! Entretanto, ao ingerir a Vitamina C, devido a uma reação química, o inicialmente não tóxico 5-potássio-arsênico (como anidrido também conhecido como óxido arsênico, As2 O5) se converte no tóxico 3-potássio – arsênico (ADB anidrido arsênico), também conhecido como trióxido de arsênio (As2 O3), que é popularmente conhecido como arsênico!
                 Dessa forma, como medida de precaução, NÃO coma camarão quando ingerir Vitamina C.

VITAMINA C + CAMARÃO = VENENO FATAL

                Depois de ler isto, por favor, encaminhe este texto a tantos quanto puder.

Ana Lúcia da Silva Lages
Médica do Hospital São Luiz-SP - repassando,pois acho bom que todos tomem conhecimento.


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